Amor,
Eu já falei que eu odeio você? Sim, eu odeio. Cada dia mais. Toda a vez que eu te olho, eu te odeio e me odeio por sentir isso. Você me deu 'oi' no meu primeiro dia de aula, quando ninguém arriscava falar com um estranho como eu, e eu te odeio por ter feito de mim seu melhor amigo. Você me defendeu de trotes e brincadeiras idiotas dos valentões da escola, e eu te odeio por ser defendido por uma mulher. Você me emprestou a lição de casa do dia anterior quando eu nem sequer a tinha anotado, e eu te odeio por mim ter ganhado um ponto a mais sem me esforçar para isso. Você me levou para sua casa e me ensinou que as opiniões das pessoas não era iguais, por mais que parecessem, sempre havia algo que discordava, e eu te odeio por fazer eu pensar que essa verdade faria com que nossas diferenças se encaixassem. Você me deu parte do seu lanche e logo depois me pagou o almoço quando eu fui roubado na esquina na escola, e eu te odeio por não me deixar passar fome e morrer para nunca mais te ver na minha frente, mas creio que isso só pioraria as coisas. Você me acompanhou até em casa quando quebrei meu pé na aula de educação física, e eu te odeio por achar que eu seria fraco de mais para ir até em casa sozinho. Você me fez enchegar que eu não era a única pessoa no mundo e a única que nunca seria amada, e te odeio por não ter ficado comigo depois disso. Você assumiu minha culpa quando me acusaram de bater em um menino da escola, e eu te odeio por me fazer parecer fraco. Você me passou cola quando eu não sabia a resposta da questão de história, e eu te odeio por ter que ir ao enterro de sua avó em vez de me ajudar a estudar. Você me fez ir a uma loja de roupas para você escolher um vestido para sair com seu novo namorado, e eu te odeio por ter que observá-la de calcinha e sutiã sem poder fazer nada. Você me acompanhou a nossa primeira festa escondidos dos pais, e eu te odeio por ter tido sua primeira vez com o mais popular da escola e ter me deixado virgem àquela noite. Você me ajudou a comprar meu terno para o baile da formatura, e eu te odeio por não ter dançado comigo na grande comemoração. Você me chamou para ir ao cinema, e eu te odeio por ter levado meu maior rival - seu namorado. Estava com medo do que ele poderia fazer se fosse sozinha, e eu te odeio por achar que eu sou seu guarda-costas. Você me fez jurar que nós nunca iriamos mentir um para o outro, e eu te odeio por ter dito que gostava de mim quando na verdade isso não passou do que eu gostaria que tivesse passado. Você me fez ter coragem de comprar um buque de rosas e declarar meu amor por você, e eu te odeio por te ver beijando outro homem ao invéz de beijar a mim após a declaração que nunca aconteceu, joguei o buquê no lixo. Você me acompanhou na minha entrevista de emprego, e eu te odeio por ter feito eu esquecer tudo o que eu tinha na minha ficha por causa de seu sorriso de confiança. Você não viajou comigo à cidade vizinha para um teste à uma boy band por causa dos ciúmes de seu namorado, e eu te odeio por ter feito eu ficar sozinho por horas dentro de um ônibus. Você me abraçou e me deu parabéns quando passei no teste, e eu te odeio por fazer nossos corpos se tocarem por tanto tempo. Você me levou em sua festa de noivado após três anos de namoro com o mesmo homem, e eu te odeio por não ter casado comigo após sete anos de amizade verdadeira. Você me fez ser padrinho de casamento no dia mais feliz da sua vida, e eu te odeio por pensar que o dia mais feliz da sua vida tinha sido o dia em que nos conhecemos. Você viajou em lua de mel um dia depois, e eu te odeio por não estar me levando junto pelo menos dentro de uma mala. Você viajou para o mesmo lugar que eu no começo da minha turnê como membro do grupo The Backstreet Boys e foi a um dos meus shows, e eu te odeio por errar a letra durante a apresentação por causa do sorriso que você expressava da platéia. Você apareceu no quarto do meu hotel em Londres sorrindo de orelha a orelha me dizendo que estava grávida, e eu te odeio por ter feito eu pensar que estaria arrependida e queria meu amor. Você me levou para uma loja de bebês quando estávamos de volta ao nosso país, e eu te odeio por ter ficado três horas vendo você escolher roupas para seu filho. Você me telefonou as duas horas da manhã me pedindo que a levasse ao médico por causa de algumas dores, e eu te odeio por preferir ter deixado seu marido dormir ao ter pedido que ele mesmo fizesse isso a você. Você foi junto comigo na gravação do video clipe I'll Never Break You Heat, e eu te odeio por estar ouvindo tudo o que eu queria dizer e nunca perceber que eu cantava para você. Você me fez acompanhar seu parto e segurar sua mão por que seu marido desmaiaria, e eu te odeio por ter escolhido o pior dos homens para viver com você e ser pai de seu filho. Você me chamou para batizar seu filho, e eu te odeio por não poder odiar uma criança diante de Deus. Você me chamou para organizar a primeira festa de aniversário dele, e eu te odeio por ter me obrigado a animar a festa com meus truques idiotas de mágica. Eu te chamei para assistir ao show do nosso álbum Millennium na cidade da nossa antiga escola, e eu te odeio por ter que viajar com seu marido para o outro lado do mundo. Eu perdi o controle da minha vida, me droguei e me enchi de álcool, e eu te odeio por não me der um sequer telefonema, muito menos uma carta. Eu me interneu em uma clinica, e eu te odeio por eu ter sofrido mais de amor do que a falta do sabor de uma vodka na minha garganta. Quando reatamos o grupo, fazia cinco anos que você não falava comigo. Dois anos depois você me telefonou e disse que se arrependia de não ter ficado do meu lado durante todo esse tempo e que logo estaria voltando para o país para se divorciar, eu te odeio por ter pensando que amava o cara errado. Eu te odeio por ter perdoado ele e ficado mais três anos longe de mim. Conheci alguém e você ainda prometia voltar. Quando decidi que estava apaixonado, você me beijou chegando a um show meu na Flórida, e eu te odeio por não ter percebido que eu estava noivo, eu já não queria correr atrás de seu amor. Você tinha se divorciado com um filho na barriga e eu tinha pedido minha namorada em casamento no dia anterior. Queria mostrar a dor que eu senti durante todos os anos anteriores e te chamei para presenciar "O MOMENTO MAIS FEIZ DA MINHA VIDA", não... Não tinha sido quando nos conhecemos. Você chorou no dia em que coloquei a aliança no dedo de minha amada e eu não me odeio por ter sorrido e beijado aquela que realmente se importava comigo. Eu não me importo se eu te fiz chorar umas três ou quatro vezes por causa da minha felicidade com minha mulher, pois o que eu derramei por você, poderia ter me matado de desidratação se não tivesse tomado tanta água quanto tomei. Por que eu engoli a dor da sua felicidade com outro e não chorei quando estava com você. Fiz minha família e a única vez que chorei durante esse tempo com ela, foi quando minha filha nasceu, e foi de alegria e emoção. Eu te odeio por nunca ter reparado nos meus sentimentos, mas eu te amo por ter ficado com outro e me fazer perceber que quem eu amava não era você, eu só amava o seu jeito de ser, e eu encontrei alguém que não era você, o que me fez mais feliz ainda. Mas eu ainda te odeio por decidir se matar logo após ser despejada de casa e não ter a coragem de vir para o homem rico e realizado que eu me tornei, por que eu te apoiaria, mesmo não te amando mais. Você deixou pessoas tristes, matou o amor da sua família e matou a minha fé em todas as frases perfeitas que tinha dito. Eu te odeio por me fazer perder horas e horas do seu lado e agora eu percebo que nada disso passou de uma fantasia, um mero sonho que sonhei acordado, pois eu ainda te odeio por não ter vindo falar comigo quando eu - o menino novo e estranho - tinha entrado na escola.
Atenciosamente,
AJM... Creio que não sabe da minha existência... AINDA!
NOTA DA AUTORA: Fiz esse one shot na madrugada de hoje (20 de outubro de 2013) por causa da música I Hate It When You're Gone. Chorei pela profundidade dos sentimentos na música e a minha tristeza me fez montar esse texto movida pela raiva e ódio que presenciei, vivi, observei em filmes, seriados e desenhos. Confesso que li uma vez o que eu escrevi e não quis apagar nada do que tinha escrito. Espero que pelo menos você possa gostar da redação, por que foi do fundo do meu coração, do mesmo modo que acho que a música foi do fundo do coração do nosso Alexander James McLean! Obrigada!
Mary Littrell (Marina de Oliveira).
Nenhum comentário:
Postar um comentário